segunda-feira, 4 de julho de 2011

                   Como Escrever um Fluxo de Consciência



1. Introdução

Escrever em / um fluxo de consciência é como instalar uma câmera na cabeça da personagem, retratando fielmente sua imaginação, seus pensamentos. Como o pensamento, a consciência não é ordenada, o texto-fluxo-de-consciência também não o é. Presente e passado, realidade e desejos, anseios e reminiscências, falas e ações se misturam na narrativa num jorro desarticulado, descontínuo, numa sintaxe caótica, apresentando as reações íntimas da personagem fluindo diretamente da consciência, livres e espontâneas.

É como se o autor "largasse" a personagem, deixando-a entregue a si mesma, às suas divagações, resultando um texto que lembra a associação livre de idéias, de feitio incoerente, desconexo, sem os nexos ou enlaces sintáticos de um texto "bem comportado".

É como se fosse um depoimento, a expressão livre, desenfreada, desinibida, ininterrupta, difusa, alógica de pensamentos e emoções, muitas vezes de uma mente conturbada e atônita.

No fluxo de consciência o pensamento simplesmente flui, pois a personagem não pensa de maneira ordenada, coerente, razão por que o texto se apresenta sem parágrafos, sem pontos, ininterrupto; numa palavra, caótica.

Na literatura universal, os grandes mestres desta técnica são James Joyce ("Ulysses"), Virgínia Woolf ("Mrs. Dalloway" (filme: As Horas)) e William Faulkner ("O Som e a Fúria"; "As Lay Dying").

Em nosso meio, entre tantos escritores, poderiam ser citados Antônio Callado ("Assunção de Salviano'), Autran Dourado ("A Barca dos Homens") e Clarice Lispector ("Perto do Coração Selvagem"; "A Hora da Estrela").

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